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Textos

A RAPOSA DE BARRIGA CHEIA



Uma Raposa estava em jejum já havia mais de um dia.
Fazia muito frio, e todos os outros animais provavelmente permaneciam em casa ou nas suas tocas, no quentinho.
Os galinheiros estavam todos fechados, para que as Galinhas não pegassem friagem e continuassem a botar ovos.
Assim, não era uma boa ocasião para a pobre Raposa procurar alimento. De todo modo, ela não se dava por vencida.
- A fome é horrível
– Repetia para si mesma a Raposa, enquanto esquadrinhava atentamente cada canto da floresta ,
- Por isso nunca me cansarei de procurar, até que alguma coisa salte fora para matar minha fome.
De fato, sua persistência e meticulosa atenção foram premiadas da maneira mais inesperada.
Do oco de um carvalho saía um cheirinho delicioso:
Era um belo pedaço de carne assada com um pão guardados ali por algum pastor.
Como o farejou, a Raposa se enfiou no buraco, esforçando-se um pouco, porque a entrada era um tanto estreita.
Mal se encaixou nessa espécie de nicho começou a comer com voracidade a farta refeição.
No entanto, quando depois de um breve soninho para fazer a digestão procurou sair, fazendo esforços inúteis, suspirou, desolada:
- Estou com a barriga tão cheia que não consigo fazê-la passar por esta abertura.
-Ai de mim!
-O que faço agora?
-Ficarei aqui, prisioneira?
Uma Raposa, sua amiga, que passava sob o carvalho, a ouviu suspirar e quando soube o motivo de seus lamentos, gritou:
- Tenha paciência, fique tranqüila e verá que com o tempo você ficará magra como quando entrou e poderá sair de novo para a liberdade.


DÔ MINHOCA


Desde pequena Dô gostava de dormir, e muito.
Bastava esticar o corpo um pouco de lado e ela logo estava dormindo.
Esticada, enrolada de cabeça para cima, cabeça para baixo.
De qualquer jeito Dô embalava um sono que ia até o dia seguinte.
A comunidade das minhocas era bem agitada.
Ocupadas em fazer coisas, cavar buracos e realizar tarefas sem parar.
Dô gostava disso, só que tanto trabalho dava muita fome e depois de comer, logo ia cochilar um pouco...
As minhocas comem de tudo: pedaços de folhas, frutas, raízes, etc.
Dô sabia que este trabalho debaixo da terra criava um ambiente rico em plantas e bichos, um mundo que ela sonhava em conhecer melhor Dô tinha muitos amigos.
Ângulo só andava em linha reta, sempre com pressa.
Espiral vivia enrolado, fazia tudo de trás para frente, e Pincel era pintor.
Dô tinha uma paixão secreta pelo artista e sonhava com ele pintando seu retrato.
Certo dia a terra tremeu.
Uma pá abriu um buraco e um homem apanhou um monte de minhocas e jogou num balde para usar como isca numa pescaria.
As minhocas se remexiam tentando fugir e Dô também ficou presa ali.
Dô foi parar num anzol e levou um choque com a água gelada.
Foi engolida pelo peixe e na barriga dele estava tão quentinho que ela acabou dormindo.
Não viu nem o peixe ser pescado pelo homem e ser limpo e colocado numa panela.
Um gato miando chamou a atenção da cozinheira.
Como havia muitos peixes ela acabou dando um para o bichano esfomeado.
Dô tinha acabado de acordar e então viu a boca do gato carregando o peixe feliz da vida .
O cachorro já esperava o gato para atacar e os dois ficaram correndo em volta da casa.
Quando ia ser pego o felino deu um salto e pulou para uma janela em que o cão não alcançava.
Ficou latindo e rosnando até cansar.
O gato teve paciência e esperou ficar tudo calmo antes de sair para comer sua refeição.
Mas antes de pular para o chão Dô Minhoca saiu da boca do peixe e olhou com curiosidade para aquelas novas paisagens.
Dô olhou o sol vermelho descer e depois a lua prateada subir devagar.
Até perdeu o sono e passou a noite acordada querendo entrar naqueles buraquinhos de estrelas.
Nunca imaginou que o mundo podia ser tão grande.
De manhã Dô foi pega por um pássaro que procurava alimento.
Ele voou alto e Dô se debateu muito.
Seu rabo acabou batendo no olho do pássaro, que a soltou.
Ela caiu lá de cima sobre a grama fofa sem se machucar.
Ao encontrar um Caracol que usava uma concha como casa, Dô gostou da idéia e fez o mesmo.
Mas acabou achando que assim andava muito devagar e resolveu voltar sua vida de minhoca e ver se encontrava o caminho do minhoqueiro.
Dô cavou, revirou mas não achou o caminho de casa.
Já estava desistindo quando Ângulo apareceu dizendo que estavam todos preocupados.
Dô ficou aliviada e feliz ao saber que haviam preparado uma grande surpresa para ela.
Em casa, Dô encontrou os amigos na exposição de quadros de Pincel.
E o que estava fazendo mais sucesso era o retrato dela!
Seu coração de minhoca disparou e ela desmaiou de cansaço e felicidade.
Agora Dô queria mesmo dormir, sonhar e acordar de verdade.



COMO O SOL E A LUA FORAM MORAR  NO CÉU




JÁ TEM MUITO TEMPO QUE ESSA HISTÓRIA ACONTECEU. TANTO TEMPO QUE O SOL E A LUA AINDA MORAVAM NA TERRA.
UM DIA, SOL E LUA ACORDARAM COM TANTA SEDE QUE RESOLVERAM VISITAR SEUS VIZINHOS.
OS PÁSSAROS SELVAGENS, POIS ELES COSTUMAVAM GUARDAR ÁGUA DE BEBER EM GRANDES E PESADOS POTES.
SÓ QUE AO CHEGAREM NA CASA DOS PÁSSAROS, SOL E LUA FORAM PROIBIDOS DE BEBER ÁGUA. DESOBEDECENDO, SOL PEGOU UM POTE PARA LEVÁ-LO ATÉ A BOCA.
E, ASSIM, MATAR A SUA SEDE.
AÍ O DESASTRE ACONTECEU; O POTE ESCORREGOU DE SUAS MÃOS, QUEBROU E TODA A ÁGUA SE PERDEU.
OS PÁSSAROS FICARAM MUITO BRAVOS E SAIRAM CORRENDO ATRÁS DO SOL E DA LUA...
QUE FUGIRAM PARA SE ESCONDEREM NUMA CABANA NO MEIO DO MATO.
MAS DE NADA ADIANTOU, FORAM DESCOBERTOS FOI AÍ, ENTÃO, QUE O PIOR ACONTECEU: SOL FICOU QUENTE DEMAIS DE RAIVA.
OS PÁSSAROS NÃO AGÜENTARAM TODO AQUELE CALOR E COMEÇARAM TODOS JUNTOS A ABANAR SUAS ASAS CADA VEZ MAIS,... FAZENDO UM VENTO TÃO FORTE QUE FOI CAPAZ DE LEVANTAR SOL E LUA ATÉ O CÉU.
E NUNCA MAIS SOL E LUA DESCERAM LÁ DE CIMA


O BARQUINHO ENJOADO




Era uma vez um barquinho muito, muito infeliz.

Vivia embrulhado,Tinha enjôo do balanço do mar.
Era só começar a navegar e ele a passar mal, a marear.
Os peixinhos riam dele e, para piorar a situação, ficavam indo e vindo à sua frente, de pura molecagem, aumentando a aflição.
— Quem mandou nascer barquinho?
— brincava uma gaivota.
— Mas eu não nasci assim, sua boboca!
Por que não me deixaram ser árvore a vida inteira, parada num só lugar, sem este vai-e-volta, sem este vem-e-vai?
— reclamava o pobrezinho
— Puxa vida... ai, ai, ai!
Seu dono, um velho pescador, nem notava o problema do coitado.
Todo dia, de manhã cedo, saía atrás de peixe, sem domingo nem feriado.
Não tinha folga o barco enjoado.
Mas um belo dia, tudo mudou!
Todo contente, o pescador apareceu com um barco bem novinho.
Era amarelo e cor de vinho.
E o outro se aposentou.
Desde este dia, quanta alegria!
Não precisa mais ir para o mar, nem marear.
Fica na areia, tomando sol numa boa, olhando de longe a pescaria.
No barco enjoado o velho escreveu “peixe fresco todo dia” para atrair a freguesia.
Esta sim era a vida que ele queria!




















































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